Tipo: Projeto de Arquitetura de Interiores
Ano: 2017
Localização: Porto Alegre, RS, Brasil
Área: 34 m²
Status: Obra Concluída
Equipe: Projeto Arq. Marta Kessler e Arq. Paula Arnold / Execução Arq. Marta Kessler
Fotos: Carlos Edler e Julia Saldanha
Um consultório de psicologia que fosse versátil: atender a pacientes adultos e crianças sem que a arquitetura definisse o público e sem que o uso por um dos tipos de usuários interferisse no do outro. Esse foi o pedido da cliente, psicanalista proprietária desta sala comercial crua que foi convertida em dois consultórios, copa, sala de espera e lavabo.
O principal desafio foi ter uma resposta coerente à flexibilidade exigida, mas sem perder de vista os aspectos estéticos e de conforto pretendidos. O resultado foi racionalidade no que diz respeito à funcionalidade e à acústica, além de uma dinâmica prática para o uso – já que a troca de pacientes e do cenário de mobiliário precisava ser ágil.
O conceito desenvolvido é de um ambiente contemporâneo, informal, convidativo e neutro. Tons sóbrios com cores pontuais. Além dessa paleta, facilidade para limpeza e boa absorção acústica das superfícies foram os pontos-chave para a escolha de materiais, que mesclam madeira, papel de parede e pintura.
Foi definida uma planta baixa com layout que permitisse o uso independente da copa e do lavabo tanto pelos profissionais quanto pelos pacientes, a partir da sala de espera, do consultório principal ou do consultório secundário. Foram construídas divisórias de drywall duplas com isolamento acústico, forros internos do mesmo material e portas acústicas especiais afim de garantir total privacidade nos atendimentos.
A partir dos setores da planta compartimentados e protegidos acusticamente, o mobiliário teve papel fundamental para a funcionalidade e ambientação.Na sala de espera, ao invés do tradicional uso de poltronas, a escolha foi de um banco longo, contínuo, desenhado especificamente para o local, com trecho estofado e trecho de apoio para objetos. Uma alta porta pivotante turquesa separa o ambiente da circulação interna onde fica a copa. Essa, por sua vez, foi projetada para se encaixar na pequena área disponível, e contou com marcenaria sob medida para comportar cuba, refrigerador inferior embutido no móvel, espaço para equipamentos de micro-ondas e café, além de armazenagem. Para aumentar a área disponível de bancada, foi criada uma extensão dela, retrátil, que se projeta para frente quando necessário.
O lavabo, de dimensões compactas, deveria comportar funções de armazenagem e ser acessível a usuários de variadas idades e alturas. Por isso o projeto de marcenaria foi concebido para conter um banco embutido, que, ao ser acessado, permite que crianças cheguem à altura da bancada para uso da cuba e, quando não estiver sendo utilizado, camufla-se no móvel.
O desafio do mobiliário dos consultórios foi que os ambientes pudessem ser realmente versáteis para atender às variações de público. O uso de um consultório para receber crianças exige mobiliário compatível com o tamanho e com os tipos de atividades desenvolvidas, mas não é necessariamente interessante que os adultos sejam atendidos num espaço com essa mesma configuração.
A sala do consultório principal foi equipada com um móvel multifuncional, que é ao mesmo bancada de trabalho e estudos, armazenagem de arquivos de pacientes, de objetos pessoais da profissional e também de ferramentas para os pacientes infantis: brinquedos pedagógicos, instrumentos de pintura e desenho e os próprios mobiliários. Mesa e banco de tamanho e materiais apropriados ficam embutidas na estante e não visíveis quando não estão sendo utilizados. O consultório pode facilmente se configurar para o tipo de paciente a ser recepcionado.
Em ambas as salas, o mobiliário solto conta com poltronas e divã, aptos a diferentes métodos de atendimento. A proposta foi valorizar o design brasileiro, com a maioria dos móveis projetados produzidos localmente, como é o caso do banco e mesa de apoio Cobogó, de autoria do próprio Maxma Studio.