Tipo: Projeto de Arquitetura de Interiores
Ano: 2014 / 2015
Equipe: Arq. Marta Kessler, Arq. Martina Jacobi
Localização: Porto Alegre, Brasil
Área: 80 m²
Status: Obra concluída
O ponto de partida foi a demolição das paredes que dividiam a sala da cozinha, e a cozinha de outra pequena área anexa. Formou-se, assim, um amplo e contínuo espaço, somado à área onde originalmente ficava o terceiro dormitório, já então integrado à sala. Como as paredes do imóvel eram estruturais, fez-se um projeto de reforço com vigas e pilares metálicos, que permitiram que elas fossem removidas. Ao invés de disfarçar os novos elementos, tirou-se partido da sua forma, deixando aparente a intervenção do projeto e assumindo o caráter industrial a que eles remetem. Dentro da mesma lógica, descascou-se parte do reboco de uma das paredes para revelar a rica textura dos tijolos maciços originais. A delimitação da antiga área da cozinha e serviços no apartamento fica evidente pelo perímetro do piso original de tacos de madeira, que foi recuperado. Nos locais em que havia piso cerâmico, ele foi substituído por porcelanato cinza, que deu lugar apenas a uma faixa de circulação feita dos mesmos tacos para conduzir ao lavabo, único remanescente dos compartimentos antigos. A marcação da zona de comer se deu pela mesa: um tampo de vidro encaixado numa moldura feita de gesso acartonado. A mesma moldura se repete para o lado oposto, destacando o acesso.
O espaço do dormitório aberto à sala comportou longa bancada de trabalho, prateleiras e uma bateria eletrônica. E, dependendo do dia, recebe também uma rede. A iluminação e instalação elétrica de quase toda a zona social do apartamento foi instalada com eletrodutos e eletrocalhas aparentes, de metal, reforçando a linguagem do projeto. Com as mesmas peças, foi desenhada uma luminária que atende à bancada da cozinha.
Na área íntima, o dormitório do casal deveria ser prático. Foi desenhado um grande e espaçoso armário com portas de espelhos, que configura um plano contínuo. A cama foi produzida com pallets pintados e, como mesas de cabeceira, foi adotado o banco Cobogó, de autoria das arquitetas. A iluminação com pendentes, simples e delicada, serve também aos lados da cama, de maneira independente.
O quarto infantil é alegre e básico. As parede coloridas, com pintura apta a receber giz, viram lousa para anotações e desenhos. Além de móveis com peças recicladas, o ambiente também incorporou a bicicleta, exposta em suporte. Por último, o banheiro foi inteiramente reformado, e a intenção era de que tivesse uma identidade forte, e para isso criou-se o conceito geométrico de linhas diagonais, que se traduz nas paredes, forro, iluminação e espelho. Além de todas as instalações e impermeabilizações refeitas, piso e parte das paredes foram revestidos com porcelanato. Uma longa bancada de pedra foi escolhida para a cuba, em conjunto com o nicho criado dentro do box do chuveiro.